INTRODUÇÃO
O presente estudo sobre as actuais e futuras necessidades previsionais de médicos é
constituído por quatro capítulos:
- Necessidades de cuidados de saúde – Cuidados de Saúde Primários (Continente);
- Necessidades de cuidados de saúde – Rede Hospitalar (Continente);
- Carteira de cuidados, por tipologia hospitalar;
- Análise das necessidades por especialidade, região e instituição.
Este estudo pretendeu delinear um modelo de desenvolvimento dos recursos humanos médicos
que tem em conta os novos hospitais em construção e previstos construir (Loures, Vila Franca
de Xira, Lisboa Oriental, Braga), a criação dos novos Centros Hospitalares (Centros Hospitalares
Universitário de Coimbra, Porto, São João, Baixo Vouga, Tondela-Viseu, Leiria-Pombal) e a
prevista concentração de actividades (serviços de urgência e unidades altamente diferenciadas).
Nesta perspectiva, algumas das dotações previstas no estudo como desejáveis em hospitais
muito fragmentados e dispersos em termos de instalações, não serão de aplicação imediata
(exemplo, Centro Hospitalar de Lisboa Central).
O estudo pretende identificar e quantificar a capacidade produtiva de cada entidade hospitalar
(carteira de serviços) numa perspectiva funcional, isto é, integrada numa rede de referenciação.
Por outro lado, esta definição pressupõe que cada entidade hospitalar assuma e cumpra a sua
responsabilidade pelos cuidados a prestar à população que serve.
Obviamente, não existindo capacidade de resposta em alguma destas entidades hospitalares,
sobretudo nas tipologias B2, B1 e A2, que os hospitais de fim de linha vão ter de realizar mais
actividade do que a prevista e, por isso, terão de ser dotados de mais recursos.
De referir que não foi possível quantificar os recursos humanos existentes em horários a tempo
completo (equivalente tempo completo - ETC), tal como seria desejável, uma vez que as
dotações de pessoal médico abrangem profissionais com diferentes regimes de horário de
trabalho, nuns casos, com 42, 40 ou 35 horas e, noutros, a tempo parcial (cuja duração pode
oscilar entre 1 e 39 horas).
Desse modo, porque a correspondência entre existências e as dotações desejáveis (horários a
tempo completo – 40h) tem premissas que podem ser diferentes, respectivamente, pessoas e
ETC, a interpretação dos dados deste estudo no campo “diferenças”, pressupõe uma reflexão
critica e casuística.
Acresce referir que, estando em causa a identificação de necessidades de médicos
especialistas, sem prejuízo do número de médicos internos de cada estabelecimento, a diferença
encontrada entre as existência e o desejável atendeu, apenas, aos médicos já detentores do
grau de especialista.
Cumpre-nos ainda salientar que as dotações apresentadas como “desejáveis” pressupõem que
toda a actividade assistencial das entidades hospitalares (urgência, consulta externa,
internamento e urgência interna, cuidados intensivos e intermédios, meios complementares de
diagnóstico e actividade cirúrgica) seja assegurada sem o recurso a horas extraordinárias ou a
contratação de empresas prestadoras de serviços médicos.
A definição de necessidades teve ainda em consideração o número de habitantes servidos
directamente por cada entidade hospitalar, independentemente da capacidade de resposta
existente, actualmente (recursos humanos e instalações), pelo que há situações em que o
hospital não tem capacidade para alocar os médicos considerados necessários para aquela
população, nem instalações e equipamentos para receber a totalidade da população servida.
Assim, alguns dos médicos considerados desejáveis num hospital terão de ser colocados no
hospital de referência, conforme previsto na respectiva rede de referenciação (exemplo, Centro
Hospitalar do Tâmega e Sousa e Hospital Fernando da Fonseca).
Não existindo ainda um estudo que permita definir com objectividade a carteira de cuidados do
Instituto Português de Oncologia (Lisboa, Coimbra e Porto) optou-se por manter como dotações
“desejáveis” as actuais dotações daquelas entidades hospitalares.
Por outro lado, não sendo ainda claro o papel que algumas entidades hospitalares irão ter no
futuro, decorrente da abertura dos novos hospitais de Loures, Vila Franca de Xira e Lisboa
Ocidental, também não foram definidas dotações para o Instituto Gama Pinto, Maternidade
Alfredo da Costa e Hospital de Curry Cabral.
Até que seja possível equilibrar e estabilizar a rede de prestação de cuidados de saúde de
acordo com o planeado nas redes de referenciação hospitalar, haverá necessidade de efectuar
alguns ajustamentos na dotação de algumas entidades hospitalares.
Como decorre do exposto este estudo deve ser considerado como um contributo para uma
reflexão mais profunda e um instrumento de aperfeiçoamento contínuo, a realizar em estreita
articulação com as Administrações Regionais de Saúde e as entidades hospitalares.
Download