Page 31 - APED 2018 N2
P. 31

30
Dor (2018) 26
intraoperatoriamente, por visualização direta. Neste último, assumiu-se que a causa foi intro- dução excessiva do cateter no espaço epidural, tendo motivado a sua provável saída transfora- minal.
O caso que apresentamos releva-se pelo facto de existir analgesia eficaz quando se administra- va bólus através do cateter epidural e a falha do mesmo só se manifestar aquando da analgesia via perfusão contínua fixa com DIB. Este facto fez com que a hipótese de migração secundária do cateter não fosse inicialmente colocada. Ape- sar de não existir confirmação imagiológica do posicionamento do primeiro cateter, considera- mos que a explicação mais plausível para o su- cedido seja que porção mais distal do cateter se encontrasse ao nível do buraco intervertebral. Os cateteres epidurais mais utilizados atualmente são triplamente perfurados e, como tal, com três locais de saída possíveis. Vários estudos repor- tam que existe um número significativo de casos em que o cateter de três orifícios ficou colocado em dois compartimentos corporais diferentes (epidural-subdural, epidural-intratecal, epidural- -intravascular, etc.)12. A deteção deste fenómeno parece ser dependente do ritmo de infusão de fluido12. Outra explicação pode ser associada à obstrução seletiva de algum dos orifícios. O fac- to deste fenómeno de falha analgésica se ter verificado após a segunda tentativa de coloca- ção de cateter – que comprovadamente migrou através no buraco intervertebral, juntamente com a dificuldade observada na colocação do mesmo guiado por fluoroscopia, por adoção de trajeto aberrante – levanta a hipótese de que uma alte- ração anatómica a nível do espaço epidural pos- sa ter sido também contribuinte.
Conclusão
O insucesso na colocação de cateteres epi- durais pode estar camuflado por diversas cau-
sas não visíveis, por rotina. Normalmente, quan- do há eficácia analgésica desejada após administração de fármacos via epidural, presu- me-se que o cateter está funcionante e, portan- to, bem localizado no espaço epidural. Contudo, nem sempre é assim, como se vê neste caso em que houve migração da ponta do cateter para o músculo psoas maior, ainda que havendo eficá- cia analgésica satisfatória aquando da adminis- tração de bólus pelo mesmo.
Conflitos de interesse
Nada a declarar.
Bibliografia
1. Hermanides J, Hollmann MW, Stevens MF, Lirk P. Failed epidural: Causes and management. British Journal of Anaesthesia. 2012; 109(2):144-54.
2. Afshan G, Chohan U, Khan FA, Chaudhry N, Khan ZE, Khan AA. Appropriate length of epidural catheter in the epidural space for postoperative analgesia: evaluation by epidurography. Anaesthesia. 2011;66(10):913-8.
3. D’Angelo R, Berkebile B, Gerancher J. Prospective Examination of Epidural Catheter Insertion. Anesthesiology. 1996;84: 88-93.
4. Percorelli S. Revised FIGO Staging for Carcinoma of the Vulva, Cervix, and Endometrium. International Jourmal of Ginecology and Obstetrics. 2009;105(2):103-4.
5. Hehre FW, Sying JM, Lowman RM. Etiologic Aspects of Failure of Continuous Lumbar Peridural Anesthesia. Anesthesia and Analgesia. 1960;39:511-7.
6. Boezaart AP. Computerized Axial Tomo-epidurographic and Radio- graphic Documentation of Unilateral Epidural Analgesia. Canadian Journal of Anaesthesia, 1989;36:697-700.
7. Pradines B, Doubovetzky B, Jaulin L, Bergis A, Guignard JD. Esti- mating the length of catheter inserted during lumbar epidural cath- eterization, Ann Fr Anesth Reanim. 1989;8(3):287-9.
8. Shaves M. Indwelling epidural catheters for pain control in gyneco- logic cancer patients. Obstetrics and Gynecology. 1991;77(4):642-4. 9. Koch J, Nielsen JU. Rare misplacements of epidural catheters,
Anesthesiology. 1986;65:556-7.
10. Sudbrack G, Geier K. Displaced Epidural Catheter: A Reason for
Analgesia Failure: Case Report, Revista Brasileira de Anestesiologia.
2002;52:1:55-61.
11. Shah R, Butala B, Pargi R. Visible Evidence of Lumbar Epidural
Catheter Misplacement– A Critical Incident Case Report, Journal of
Clinical and Diagnostic Research. 2017;11(1):UD01-UD02.
12. Leighton B, Katsiris S, Halpern S, Wilson D, Kronberg, J. Multipart Epidural Catheters: Can Orifice Location Be Tested? Anesthesiology,
2000;92:1840-2.
DOR







































































   29   30   31   32   33