Page 12 - APED 2018 N2
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I. Marques Carneiro, et al.: Porque a Dor Dói... Abordagem de Cefaleia Primária em Contexto de Urgência
 Tabela 1. Diagnósticos de saída (ICD10)
  Cefaleia secundária n (%) 85 (55,5)
   J00-J06 Infeção respiratória alta aguda A00-A09 Doenças intestinais infeciosas S00-S09 Traumatismo cranioencefálico B25-B34 Outras doenças virais
Outros
J45 Asma
J01 Sinusite aguda
T78.9 Pós-operatório
R56 Convulsão, não especificada K08.8 Odontalgia
G91 Hidrocefalia – mielomenigocelo com SDVP
47 (66,2) 19 (26,8) 6 (7)0, 5 (6)0,
8 (5,2) 0 2
1 1 1 2 1
 Tabela 2. Caraterísticas da cefaleia e sintomas acompanhantes
 Caraterísticas da cefaleia n (%)
 Pulsátil Opressiva
Sem informação
19 (28) 21 (31) 28 (41)
 Sintomas acompanhantes
 Fono/fotofobia 44 (65) Náuseas/vómitos 35 (42)
 Sinais de alarme 35 (42)
 Despertar noturno
Queixas visuais
Vómitos matinais
Síncope
Agravamento manobra valsava
18 (27) 17 (25) 4 (6) 2 (3) 1 (2)
entrevista telefónica, de modo a completar a informação em falta, verificou-se que 35 (51,4%) cumpriam critérios diagnóstico de enxaqueca, 12 (17,6%) cumpriam critérios de enxaqueca provável e 21 (30,9%) cumpriam critérios de ce- faleia de tensão a que se sobrepunha provável enxaqueca, tendo sido consideradas cefaleias mistas. Todos estes episódios de urgência ti- nham caraterísticas migranosas. A mediana da idade foi de 11 anos (4-17 anos), sendo 24 (35%) do género masculino. Em 12 (17,6%) crianças/adolescentes havia um diagnóstico prévio de cefaleia primária. Os resultados apre- sentados de seguida referem-se à caraterização apenas dos casos de cefaleia primária.
Diagnóstico
Anamnese
A anamnese foi realizada em todos os doentes. Dos registos informáticos realizados na UPed obteve-se a caraterização exaustiva da queixa em 38 (56%) e dos antecedentes familiares em 16 (24%) dos doentes. A cefaleia foi descrita pelos doentes como sendo pulsátil (19 [27,9%]) ou opressiva (21 [30,9%]), fazendo-se acompa- nhar por fono/fotofobia (44 [64,7%]), náuseas/ vómitos (35 [41,5%]) e de aura em (17 [25%]). Com base na escala numérica de dor, foi referi- da dor de intensidade elevada em 42 (61,8%) crianças/adolescentes, com interferência nas atividades de vida diárias, nomeadamente con- dicionando absentismo escolar. Sintomas atribuí- veis a sinais de alarme foram identificados em 35 (26,5%) crianças/adolescentes, dos quais o despertar noturno foi o mais frequente. As cara- terísticas da cefaleia, sintomas acompanhantes e sinais de alarme estão descritos na Tabela 2.
Em relação ao tempo de duração da queixa de cefaleia, verifica-se que a maioria das crian- ças/adolescentes (27 [39,7%]) referiu uma dura- ção superior a um ano e 15 (22,1%) duração superior a um mês. Em 7 (10,3%) dos doentes, o motivo de urgência correspondeu ao primeiro episódio de cefaleia. Quanto à duração da crise que motivou a admissão, 31 (45,6%) recorrerram à UPed com menos de 24 horas de evolução; 16 (23,5%) quando a crise durava um a três dias e 10 (14,7%) quando a queixa persistiu mais de uma semana. Em 11 (16,2%) a duração da crise não foi especificada.
Relativamente à existência de um fator desen- cadeante, foi possível identificá-lo em 40 (58,8%) crianças/adolescentes, na maioria dos quais (34 [85%]) stress (fase de avaliação escolar, bullying) ou cansaço após exercício físico (e não durante a prática desportiva). Uma adolescente referiu cefaleia recorrente associada a menstrua- ção e uma criança cefaleia associada a odores intensos. Havia história familiar de cefaleia em 48 (60%).
Exame objetivo
O exame objetivo foi realizado em todos os doentes. O exame neurológico estava registado em 50 (73,5%) e a fundoscopia não foi realizada na UPed em nenhum doente, tendo sido pedido apoio da Oftalmologia em 29 (42,6%) doentes.
Exames complementares de diagnóstico
Realizaram-se TC-CE em 19 (27,9%) doentes
com cefaleia primária. Quatro destes doentes
eram crianças com SDVP e cefaleias recorrentes
e o exame de imagem foi realizado pela suspei- 11
DOR


























































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