Page 30 - APED 2018 N1
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Dor (2018) 26
  Capsaícina Tópica na Dor Crónica Pós-Mastectomia: Revisão Bibliográfica
Pedro Godinho
 Resumo
Nos doentes submetidos a mastectomia, estima-se uma prevalência de dor crónica entre os 25 a 60%, com impacto importante na redução da qualidade de vida. Existem disponíveis diversas alternativas terapêuticas, entre as quais a capsaícina tópica. Foi realizada uma revisão bibliográfica da literatura atual sobre a eficácia da sua aplicação na síndrome dolorosa pós-mastectomia (SDPM). Apesar de serem promissores os resulta- dos disponíveis, são necessários mais estudos, a fim de melhor conhecer a real eficácia deste tratamento na SDPM.
Palavras-chave: Síndrome Dolorosa Pós-Mastectomia. Dor neuropática. Capsaícina tópica.
Abstract
In patients undergoing mastectomy is estimated a prevalence of chronic pain between 25 and 60%, with an important impact on the reduction of quality of life. Several therapeutic alternatives are available, including topical Capsaicin. A literature review was carried out on the efficacy of its application in Post Pain Mastectomy Syndrome (SDPM). Although the available results are promising, further studies are needed in order to better understand the real efficacy of this treatment in the SDPM. (Dor. 2018;26(1):27-9)
Corresponding author: Pedro Godinho, pmiguelgodinho@gmail.com
Key words: Post-Mastectomy Pain Syndrome. Neuropathic pain. Capsaicin topical.
Introdução
A redução da qualidade de vida dos doentes com dor cónica pós-mastectomia, na sequência de neoplasia mamária, está devidamente descri- ta1,2. Wang, et al. apontam uma prevalência de dor crónica entre 25 a 60% dos doentes subme- tidos a mastectomia3.
Para o seu desenvolvimento são apontados inúmeros fatores de risco – associados ao doen- te e associados à cirurgia. São também várias as opções terapêuticas disponíveis, entre as quais está a utilização tópica de capsaícina4,5.
O presente trabalho pretende avaliar a utiliza- ção de capsaícina tópica na dor crónica pós- -mastectomia, estudando a evidência existente para a sua utilização, bem como resultados en- contrados e potenciais complicações.
Departamento de Anestesiologia Centro Hospitalar de Leiria
Leiria
E-mail: pmiguelgodinho@gmail.com
Dor crónica pós-mastectomia
Classificação, etiologia e fatores de risco
Pela sua complexidade e impacto biopsicos- social, a dor crónica pós-mastectomia é desig- nada por SDPM4,6,7. É definida como dor neuro- pática localizada, circundando a área cirúrgica e com duração superior a três meses, sendo a etiologia alvo de discussão, pela sua complexi- dade6,7. Ainda assim, pensa-se que pode estar ligada à destruição da inervação periférica du- rante a cirurgia, tanto na mastectomia como na linfadenectomia axilar. Pode iniciar-se imediata- mente após a cirurgia ou desenvolver-se de al- guns a vários meses após a mesma7.
Relativamente à enumeração dos fatores de risco associados ao desenvolvimento de SDPM, as revisões publicadas apontam para uma gran- de heterogeneidade de estudos, o que dificulta as conclusões apresentadas3,5. Em 2016, Wang, et al. apontaram a idade jovem, a realização de radioterapia, a dissecção linfática axilar, a dor aguda pós-operatória e a dor pré-operatória como os principais fatores de risco para o de- senvolvimento de SCPM3.
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