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Dor (2018) 26
Dor Persistente Após Hernioplastia Inguinal – A Propósito de um Caso Clínico
Ana Ricardo1 e Nuno Agostinho Fernandes2
Resumo
Os doentes submetidos a hernioplastia inguinal apresentam uma elevada incidência de dor persistente pós- -operatória (DPPO). Este tipo de dor crónica tem uma repercussão negativa na qualidade de vida com eleva- do impacto socioeconómico e aumento dos custos diretos e indiretos em saúde. Após avaliação de um doente jovem, submetido a hernioplastia inguinal, com queixas de dor intensa no local da incisão cirúrgica associada a incapacidade física e absentismo laboral, propõe-se uma revisão da literatura sobre a DPPO. O tratamento da DPPO é um desafio, tendo em conta a baixa evidência das terapêuticas disponíveis. A preven- ção deve ser a prioridade, com a identificação precoce dos doentes em risco de DPPO e o tratamento sin- tomático da dor aguda pós-operatória (DAPO).
Palavras-chave: Dor persistente pós-operatória. Dor persistente após hernioplastia inguinal.
Abstract
Patients submitted to inguinal hernioplasty have a high incidence of persistent postoperative pain. This type of chronic pain has a negative repercussion on the quality of life with high socioeconomic impact and in- crease of the direct and indirect costs in health. After evaluation of a young patient, submitted to inguinal hernioplasty, with complaints of intense pain at the site of the surgical incision associated with physical incapacity and work absenteeism, a review of the literature on persistent postoperative pain (PPOP) is pro- posed. Treatment of PPOP is challenging given the low evidence of available therapies. Prevention should be the priority, with the early identification of patients at risk for PPOP and the symptomatic treatment of acute postoperative pain. (Dor. 2018;26(1):19-23)
Corresponding author: Ana Ricardo, ana.ricardo@hds.min-saude.pt
Key words: Persistent postoperative pain. Chronic postoperative pain after inguinal hernia repair.
Introdução
A dor persistente pós-operatória (DPPO) está descrita como uma complicação pós-operatória de cirurgias como a hernioplastia inguinal, a mastectomia, a colecistectomia laparoscópica e a amputação do membro inferior. A incidência de DPPO varia entre os 5 e os 50%1.
1Assistente Hospitalar de Anestesiologia Coordenadora da Unidade de Dor Aguda
2Interno Formação Especifica em Psiquiatria Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental (DPSM) Hospital Distrital de Santarém (HDS)
Santarém
E-mail: ana.ricardo@hds.min-saude.pt
Este tipo de dor crónica tem uma repercussão negativa na qualidade de vida dos doentes e das suas famílias, afetando o seu desempenho físico e o seu estado psicológico2.
Estudos revelam que a DPPO tem uma inci- dência superior após hernioplastia inguinal aberta por abordagem anterior, quando compa- rada com a abordagem laparoscópica. A recidi- va herniária está associada a uma elevada inci- dência de DPPO3.
A DPPO após hernioplastia inguinal via aberta está associada a uma baixa qualidade de vida4, provavelmente por interferir com as atividades de vida diária5.
Esta complicação gera um aumento dos cus-
tos diretos e indiretos em saúde, pelo aumento
do tempo de internamento e da utilização dos 19
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