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Dor (2018) 26
vimentos» (n = 61, 74,4%). Cerca de metade dos adultos também referiu a dor despoletada pelas hemorragias (n = 43, 52,4%), que surge depois de descansar ou estar sentado (n = 41, 50%), ou que ocorre devido a movimentos aci- dentais ou «em falso» (n = 45, 54,9%). Por outro lado, as crianças e os adolescentes apontaram como causa mais frequente de dor as hemartro- ses (idade 10-17: n = 14, 87,5%; idade 1-9: n = 9, 69,2%). A tabela 3 mostra a descrição completa dos fatores precipitantes selecionados pelos participantes.
Intensidade da dor
Tal como previamente descrito, a intensidade da dor foi apenas avaliada nas versões de au- torrelato. A intensidade média mais elevada re- feriu-se à dor elicitada pelas «hemorragias», tanto para os adultos (M = 5,67, DP = 2,09) como para as crianças/adolescentes (M = 5,69, DP = 2,15), seguida da dor associada à ocor- rência de «movimentos acidentais» (idade ≥ 18: M = 5,35, DP = 2,97; idade 10-17: M = 4,13, DP = 3,32). A dor relativa a estar «quieto, para- do, sentado ou deitado» traduziu a menor pon- tuação de intensidade em ambos os grupos (idade ≥ 18: M = 2,20, DP = 2,48; idade 10-17: M = 1,31, DP = 2,77), como pode ser visto na figura 1.
Interferência da dor
Relativamente à interferência da dor, os adul- tos revelaram a interferência média mais elevada na «capacidade para andar a pé» (M = 5,65, DP = 3,23) e «trabalho normal» (M = 4,99, DP = 2,70). Já no grupo das crianças/adolescentes, a dor relacionada com a hemofilia traduziu-se numa pontuação de interferência mais elevada na «atividade geral» (M = 4,44, DP = 2,56) e no «trabalho normal» (tarefas em casa ou na esco- la) (M = 4,13, DP = 2,78). A figura 2 mostra os resultados referentes à interferência da dor na faixa etária dos adultos e das crianças/adoles- centes, para todos os domínios avaliados.
Relativamente às crianças mais novas (entre 1 e 9 anos), os seus cuidadores assinalaram uma maior interferência da dor na «capacidade para andar a pé/gatinhar», com a maioria a in- dicarem interferência severa (n = 4, 30,8%) ou completa (n = 4, 30,8%) nesta área. Cerca de um terço dos pais apontaram interferência seve- ra ou total da dor na «atividade geral» (severa: n = 1, 7,7%; total: n = 3, 23,1%) e nas «tarefas normais» (severa: n = 3, 23,1%; total: n = 1, 7,7%). Aproximadamente metade dos pais indi- caram que a dor tem ligeira interferência no «sono» (n = 6, 46,2%) e nenhuma interferência na «relação com outras pessoas» (n = 6, 46,2%). Apenas quatro pais (30,8%) referiram que a dor não interfere com o «humor» da criança, com a maioria a assinalar uma interferência moderada,
22 ou ainda superior (n = 8, 61,6%).
Estratégias de controlo da dor
No que se refere às estratégias de controlo da dor, todos os grupos referiram como mais utili- zadas as seguintes cinco estratégias: gelo, des- canso, concentrado de fator, medicação analgé- sica e elevação. A estratégia percecionada como providenciando o maior alívio da dor (es- cala de 0 a 100%) foi o concentrado de fator (idade ≥ 18: M = 77,81%, DP = 23,09; idade 10-17: M = 89,87%, DP = 16,40), seguida de medicação analgésica (idade ≥ 18: M = 59,33%, DP = 23,67; idade 10-17: M = 65,36%, DP = 24,61). A figura 3 ilustra a informação relativa às estratégias utilizadas e perceção de alívio.
Especialistas para o controlo da dor
O profissional de saúde mais consultado para controlo da dor foi o médico imuno-hemotera- peuta (idade ≥ 18: n = 71, 86,6%; idade 10-17: n = 14, 87,5%; idade 1-9: n = 13, 100%). O especialista em acupuntura foi aquele que mais adultos indicaram como «gostaria de consultar» (n = 9, 11%) e o especialista em reiki foi o mais apontado pelas crianças/adolescentes (n = 3,
Figura 1. lntensidade da dor reportada pelos adultos e crianças/adolescentes com hemofilia.
Figura 2. Interferência da dor reportada pelos adultos e crianças/adolescentes com hemofilia.
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