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gias associadas a este tipo de dor e a variedade de locais anatómicos possa influenciar os resul- tados. Nestes casos, a modalidade PENS pare- ce ser superior ao TENS e os seus efeitos pode- rão diminuir as necessidades farmacológicas62. Quanto à dor miofascial, mais especificamen- te no tratamento dos pontos gatilho latentes na parte superior do músculo trapézio, a aplicação de TENS em modalidade electric point está as- sociada a uma redução da dor à compressão nessa região, embora sem eficácia na melhoria dos pressure pain threshold (PPT) ou da ampli- tude dos movimentos cervicais63. A dor lombar parece não beneficiar do trata- mento com TENS. Os resultados, apesar de con- traditórios, não demonstram que o TENS seja mais eficaz do que o placebo ou a prática de exercício físico. Inclusive, uma revisão publicada pela Cochrane não suporta a utilização do TENS no tratamento da dor lombar crónica, face ao pequeno número de estudos e a ausência de resultados consistentes64-66. Na dor neuropática central, como são os ca- sos pós-lesão medular, o TENS poderá ter algum efeito como tratamento complementar, com o TENS de baixa frequência a atingir melhores resultados do que o TENS de alta frequência. Curiosamente, o maior efeito analgésico foi ob- servado, num estudo, durante o período da ma- nhã e tarde, apresentando menor eficácia no alívio da dor no período noturno67,68. Assim, nes- tes doentes poderá ser ponderada a utilização de TENS como coadjuvante na estratégia de abordagem deste tipo de dor neuropática. A utilização do TENS nos casos de dor neuro- pática periférica também tem demonstrado re- sultados promissores, superiores à dor neuropá- tica central69, apesar da relativa fraca qualidade dos estudos presentes e da ausência de ensaios aleatorizados e controlados multicêntricos. Numa meta-análise em doentes com neuropa- tia diabética sintomática, o uso de TENS foi efi- caz no alívio da dor até às seis semanas, contu- do às 12 semanas não se verificou o mesmo efeito, apesar de, neste período, haver uma me- lhoria significativa nos sintomas neuropáticos gerais. A utilização de TENS de alta frequência surtiu maior eficácia, contudo, o efeito máximo foi observado com a alternância entre alta e bai- xa frequência70. Deste modo, foi emitida pelo Subcomité de Avaliação de Terapêuticas e Tec- nologias da Academia Americana de Neurologia a recomendação de que o TENS deverá ser con- siderado para o tratamento de neuropatia diabé- tica dolorosa (Nível B, dois estudos Classe II)71. Os casos de síndrome do túnel cárpico tam- bém poderão ser considerados para TENS, com resultados significativos na diminuição de inten- sidade da dor e, consequentemente, na melho- ria da função72. Nesta população de doentes, depois de uma sessão de tratamento de TENS no território de inervação do nervo mediano, verificou-se, através de ressonância nuclear magnética, uma diminuição das ativações corti- cais relacionadas com a dor, alteração que per- sistiu até 35 minutos73. O tratamento com TENS de alta frequência também parece reduzir a hipersensibilidade pós-traumática da mão, melhorando a tolerância a diferentes texturas nesse território, embora sem melhoria demonstrada na força muscular74. Apesar dos resultados encorajadores do uso de TENS no controlo da dor neuropática, a fraca qualidade da evidência não permite retirar con- clusões concretas quanto à eficácia desta mo- dalidade de tratamento75. Na síndrome de dor pélvica crónica, a utiliza- ção de TENS em casos refratários, através da aplicação de elétrodos penianos circulares, me- lhorou os scores de dor, bem como a qualidade de vida dos pacientes76. Ainda nesta síndrome, mais especificamente na cistite intersticial, a es- timulação dos nervos pudendos, não invasiva e invasiva, também demonstrou eficácia77. Na dor fantasma pós-amputação e na dor no coto, o TENS parece apresentar uma tendência para o alívio da dor. Contudo, a fraca qualidade dos estudos não permite avaliar adequadamen- te a sua eficácia78. A utilização de TENS na patologia osteoartríti- ca, mais especificamente, na osteoartrite do joe- lho, apesar de apresentar alguns resultados po- sitivos na melhoria da amplitude máxima articular, não parece produzir melhoria funcional significativa a longo prazo quando utilizada como técnica exclusiva79. Quando comparado com a prática de exercício físico, não apresenta diferença significativa na melhoria da dor ou ri- gidez, tendo sido observado um efeito de place- bo importante nestes doentes80,81. A grande he- terogeneidade de estudos não permite uma análise detalhada dos efeitos do TENS nesta patologia82. Em doentes submetidos a artroplas- tia do joelho, a utilização de TENS no pós-ope- ratório imediato reduziu significativamente a dor e o consumo de opioides83. Contudo, a sua uti- lização durante a reabilitação, apesar de reduzir a dor associada ao movimento no período pós- -operatório, poderá haver um efeito de placebo relevante, que foi observado nestes doentes84. Na fibromialgia, tratando-se de uma condição aparentemente associada a uma hiperexcitabili- dade central, o tratamento com TENS parece ter alguma eficácia na diminuição da dor e fadiga com o movimento, aumentando os PPT nos lo- cais de estimulação (cervical, lombar ou sagra- do)85. A sua associação com a prática de exer- cício físico poderá aumentar a tolerância ao segundo, através do alívio das mialgias, melho- rando a ansiedade, fadiga e rigidez86,87. Apesar destes resultados, não existe evidência de ele- vada qualidade que suporte ou refute a utiliza- ção do TENS no tratamento da fibromialgia88. Nos procedimentos de tratamento de feridas agudas, cirúrgicas ou traumáticas, ou crónicas, como úlceras de pressão venosas, arteriais ou 37 R. Regufe, et al.: Estimulação Periférica: Mecanismos, Aplicação Clínica e Limitações DOR