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cinco artigos, Palermo, et al.36 e Mangerud, et al.33, que estudam a prevalência de DC em pa- cientes com insónia e com patologia psiquiátri- ca, respetivamente, são os que encontraram uma prevalência mais elevada em relação aos nove estudos apresentados para a população pediátrica geral (Tabela 2). Isto permite-nos con- cluir que quem tem estas patologias tem maior risco de DC do que a população geral, o que vai ao encontro dos dois estudos \[Norris, et al.32, e Noel, et al.30\] que estabeleceram relação entre DC e distúrbios de ansiedade e depressão. Quanto à dor crónica pós-cirúrgica (DCPC), temos dois estudos que estudaram a sua preva- lência mas os resultados são diferentes. Batoz, et al.35 encontraram uma prevalência de 10,9%, mais baixa do que na população pediátrica ge- ral e Chidambaran, et al.37 encontraram uma prevalência de 37,8%, um valor mais aproxima- do com o valor encontrado para a população pediátrica geral. Estas diferenças podem dever- -se ao facto dos dois estudos incluírem cirurgias diferentes. No caso de Chidambaran, et al.37 só inclui a artrodese da coluna enquanto Batoz, et al.35 inclui cirurgias de diferentes tipos. Podemos observar que quando consideramos apenas as cirurgias ortopédicas no estudo de Batoz, et al.35 a prevalência aumenta para 13,4%. Fatores associados a dor crónica pediátrica Nos estudos portugueses, as conclusões so- bre fatores associados (Tabela 4) são concor- dantes com os estudos internacionais estabele- cendo relação entre DC e sexo feminino, distúrbios de ansiedade e sintomas emocionais. O excesso de atividade física e a privação de sono podem também estar associados segundo Silva, et al.23. Quanto aos fatores associados à DC nos estu- dos internacionais (Tabela 5), o sexo feminino é o mais frequentemente documentado pelos dife- rentes estudos, estando presente em oito dos nove. Há apenas um estudo (Sperotto, et al.24) que encontrou uma prevalência maior no sexo masculino. A explicação para este facto pode ser o intervalo de idades da amostra (8-13 anos), pois é o único estudo que inclui idade pré-púbe- res. De facto, uma das conclusões do estudo é que, para este intervalo de idades, a DC é menos prevalente após a puberdade. O stress e a pres- são académica, também são fatores associados à DC e são referidos por três dos nove estudos. Em dois dos nove estudos encontra-se a asso- ciação entre distúrbios psiquiátricos como ansie- dade e depressão. Por último, constata-se tam- bém uma relação com a exposição a violência quer de um modo geral quer especificamente para bullying e abuso físico ou sexual. Caraterísticas da dor A DC é definida habitualmente como uma dor com duração superior a três meses. Este tipo de dor pode estar presente continuamente ou em episódios recorrentes. Nos artigos selecionados para esta revisão a DC ocorre predominante- mente, pelo menos uma vez, por semana, 51,3 e 67,9% nos estudos de Silva22 e Reigota20, res- petivamente. No estudo de Voerman, et al.27 a percentagem é ainda maior – 78%. Já nos estu- dos de Silva, et al.23, Iversen, et al.25 e Tham, et al.29 e Mangerud, et al.33 a frequência de dor semanal faz parte da definição de DC, logo, 100% dos indivíduos que têm DC têm dor pelo menos uma vez por semana. É provável que quanto maior a frequência da recorrência da DC maior seja o impacto desta. Quanto à intensidade da dor, esta varia de acordo com a população estudada, etiologia e localização da dor e género. É mais elevada e mais prevalente no género feminino29,44,46. A di- ferença entre géneros poderá ser explicada através de mecanismos complexos que incluem fatores biológicos, psicológicos, sociais e cultu- rais. Outra caraterística que importa realçar é a localização da dor. Nos estudos selecionados observa-se uma prevalência mais elevada na cabeça, ombros e coluna (principalmente lom- bar e cervical), do que no abdómen ou pélvis. Quanto à dor periférica, são os membros inferio- res os mais afetados (52,8 e 85,2%). Naturalmente, a localização da dor é um dado importante, mas, dado que o mesmo doente pode ter dor em mais que um sítio, a frequência da dor multilocalizada é um dado indispensável para esta análise. Tanto nos estudos portugue- ses de Reigota20 e Silva, et al.23 como nos de Iversen, et al.25 e Tham, et al.29, os números são significativos. No estudo de Norris, et al.32 a DC generaliza- da tem uma prevalência de 4,5%. Este valor difere bastante quando comparado com os do estudo de Iversen, et al.25, com valores de 20% no sexo feminino e 9,2% no sexo masculino. A diferença entre os valores dos dois estudos pode dever-se à diferente definição. Existem ainda outros estudos – Zhang, et al.28, Tham, et al.29, Voerman, et al.27, e Sperotto, et al.24 – em que mesmo não descrevendo direta- mente a prevalência da DC multilocalizada, ao especificarem a prevalência da dor por localiza- ção, a soma de todas as percentagens é sempre maior que 100%. Daqui podemos apenas con- cluir que podem existir participantes que têm dor em mais que uma localização. Já no estudo de Mangerud, et al.33, que ape- nas estuda uma amostra de pacientes psiquiá- tricos, a prevalência da DC multilocalizada é ainda maior – 37,3% –, sendo que esta vai au- mentando com a idade. Seria de esperar que a dor multilocalizada tivesse maior impacto nega- tivo. No entanto, o estudo de Mangerud, et al.33 mostrou que, apesar de haver aumento de dor multilocalizada com a idade, a incapacidade mantém-se. 27 N. Geraldes, S. Abreu: Epidemiologia da Dor Crónica Pediátrica em Portugal – Revisão Sistemática Da Literatura DOR 


































































































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