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previamente para a população portuguesa40,41. É de ter em conta que o valor deste índice se pode situar entre 1 (saúde perfeita) e -1, corres- pondendo o 0 ao estado de morte e os valores negativos a estados de saúde considerados pio- res do que morte. Na globalidade, os índices de qualidade de vida em T7 e T8 são superiores aos estimados em T1. A diferença do índice de qualidade de vida é estatisticamente significativa entre os três mo- mentos (χ2 = 12,4; p < 0,05), sendo que a dife- rença verifica-se entre T1-T7 (z = -2,8; p < 0,05) e entre T1-T8 (z = -2,3; p < 0,05) (Fig. 5). Relativamente à perceção do estado de saú- de, segundo a escala EQ-VAS, não existem di- ferenças estatisticamente significativas nos três momentos de avaliação (T1 (M = 52,0; DP = 22,1), T7 (M = 61,7; DP = 17,6), T8 (M = 58,2; DP = 25,9), segundo ANOVA, p > 0,05). PGIC Em T7, 87,5% dos participantes reportaram uma evolução positiva do seu estado de saúde, percecionada como atribuível às sessões de acupuntura realizadas, estabelecendo-se esta percentagem em 87,1% em T8 (Fig. 6). A perceção da melhoria do estado de saúde, avaliada pelo PGIC em T7 (após recodificação dos valores da escala para que valores mais altos correspondam a melhor evolução), não está correlacionada com a diminuição da in- tensidade da dor entre T1 e T7 (R = -0,265; p > 0,05). Tempo de evolução da dor, BPI e EQ-5D O agravamento da intensidade da dor de T7 para T8 tem uma correlação estatisticamente significativa positiva moderada com a interferên- cia da dor em T8 (R = 0,6; p < 0,05). O índice EQ-5D tem correlação estatisti- camente significativa negativa moderada com a intensidade da dor em T1 (R = -0,5), T7 (R = -0,4) e T8 (R = -0,6). Finalmente, é de referir que o tempo de evo- lução da dor apresenta correlação negativa mo- derada com o índice do EQ-5D em T7 (R = -0,5; p < 0,05), tendência também encontrada quan- do considerado T8 (R = -0,6; p < 0,05). No en- tanto, o mesmo não se verifica com a intensida- de nem com a interferência da dor (p > 0,05). Discussão O nosso estudo sugere que a acupuntura tem efeitos positivos no controlo da intensidade da dor crónica, no estado funcional e na qualidade de vida dos doentes. Deste modo, considera- mos que os objetivos propostos para este traba- lho foram atingidos. Da análise dos efeitos da acupuntura na inten- sidade da dor, verificámos que a percentagem de doentes que classificou a sua dor como «mo- Figura 5. Índice de qualidade de vida nos três momentos de avaliação. Figura 6. Impressão global do doente sobre o seu estado de saúde em T7 e T8. derada» ou «forte intensidade» diminuiu em T7, mantendo-se estes efeitos em T8. Concordante- mente, a percentagem dos que a classificou como de «fraca intensidade» aumentou mais de três vezes. Estes dados coadunam-se com os de outros estudos, que referem alívio significativo na intensidade da dor, em 40-75% dos doentes6,34,44. Relativamente à necessidade de medicação de base para o controlo da dor, verificámos uma diminuição em 35,5% dos doentes, entre T1 e T7, o que está de acordo com resultados de estudos anteriores21. É de salientar que quatro doentes deixaram mesmo de tomar medicação, apenas um doente sentiu necessidade de au- mentar a medicação de base e cinco aumenta- ram a medicação de SOS, correspondendo es- tes últimos a situações de dor generalizada de longa duração ou de etiologia neuropática. Estes dados vão ao encontro das variações de inten- sidade de dor, possivelmente devido ao efeito terapêutico da acupuntura. Quanto à percenta- gem de alívio da dor, em T1, 72,4% dos doentes tinham uma percentagem de alívio clinicamente relevante (superior a 30%)45,46. Por outro lado, em T7, todas as terapêuticas, incluindo a acu- puntura, refletiram um aumento de 16,9% no número de doentes que sentiram uma percenta- gem de alívio da dor clinicamente relevante. Es- tes resultados corroboram o efeito terapêutico adjuvante da acupuntura no tratamento da dor crónica. 11 A. Azevedo, et al.: Acupuntura no Tratamento da Dor Crónica DOR