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Dor (2018) 26 Materials and methods: This prospective study included 32 patients with muscle-skeletal or neuropathic pain, followed on the Pain Unit of Centro Hospitalar do Porto. We applied questionnaires (EuroQol-5D, Brief Pain Inventory – Short Form and Patient Global Impression of Change) at three different times: T1 – first acupunc- ture session; T7 – after seven acupuncture sessions; and T8 – three weeks after the last acupuncture session. Results: We verified a significant reduction (p<0,05) on the patients’ pain intensity between T1-T7 and T1-T8. Globally, quality of life indexes in T7 and T8 were higher than those estimated in T1 (p<0,05). According to the patients global impression of change concerning their health state, in T7 and T8, respectively, 87,5% and 87,1% reported a positive evolution. Discussion and conclusion: This study suggests that acupuncture has positive effects, short and medium term, on the control of patients’ pain intensity, functional status and quality of life, validating it as an adjuvant therapy for chronic pain. It also brings attention to the importance of a larger number of sessions and early interventions, as an attempt to perpetuate medium term effects and to counter pain’s chronicity, respectively. (Dor. 2018;26(3):7-14) Corresponding author: Ângela Ferreira, angela.paredes.ferreira@gmail.com Key words: Acupuncture. Chronic pain. Complementary therapies. Introdução A dor crónica pode ser definida como uma dor persistente ou recorrente, de duração igual ou superior a três meses e/ou que persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem1. Provoca danos pessoais e sociais e tem uma forte correlação com incapacidade física e psi- cológica e baixo status socioeconómico2. Em Portugal, afeta 36,7% da população adulta, sen- do que 68% desta refere dor moderada a forte (≥ 5/10)3. Consequentemente, as atividades diá- rias e laborais de cerca de 50% dos doentes são afetadas, com uma média de nove dias de ab- sentismo laboral por ano e condicionando de- pressão em 13% destes3. É também importante refletir sobre os custos relacionados com a dor crónica, sendo que dados de 2013 apontam para gastos anuais na ordem dos 4,6 mil milhões de euros (2,7% do PIB nacional)4. A terapia far- macológica, para além de se associar a diversos efeitos laterais, tem-se revelado insuficiente no controlo da dor de muitos doentes, devendo recorrer-se a uma abordagem terapêutica multi- disciplinar5. Neste contexto, tem-se assistido a um crescente desenvolvimento das terapias complementares, algumas delas já com eficácia terapêutica comprovada6-9. A acupuntura, do latim acus (agulha) e punc- tura (picada), é uma prática baseada nos prin- cípios da medicina tradicional chinesa10. Baseia- -se nos acupoints, pontos do organismo com maior potencial terapêutico, nos quais são inse- ridas agulhas de baixo calibre11-13. A acupuntura tem vindo a ser utilizada de for- ma crescente no mundo ocidental, emergindo como uma modalidade complementar na prática 8 clínica14. É reconhecida como uma competência médica pela Ordem dos Médicos desde 2002, estando a sua eficácia comprovada no tratamen- to de múltiplas patologias, entre as quais a dor musculoesquelética e neuropática, rinite alérgi- ca, cólica biliar e depressão10,15-21. A evidência aponta a acupuntura como uma prática muito segura quando realizada por tera- peutas competentes, sendo que 90% dos doen- tes não experienciam efeitos adversos13,22-26. Os seus efeitos dependem da técnica utilizada, es- tado geral do doente, intensidade e local da estimulação27. Não existem guidelines relativa- mente ao número e frequência das sessões de acupuntura, mas uma duração média de 25-35 minutos é consensual23. Visto que os mecanismos da acupuntura não estão totalmente esclarecidos e que é um tra- tamento multidimensional, é difícil selecionar placebos com fundamento científico e estabe- lecer um grupo de controlo28-32. Isto explica a escassez de estudos com validade científica nesta área, sendo que apenas 25% dos en- saios clínicos cumprem critérios científicos mí- nimos33. Após mais de três décadas de investigação, sabe-se que exerce efeitos fisiológicos relevan- tes na nocicepção (com alívio da dor em 40-75% dos doentes), mas não existe consenso relativa- mente ao mecanismo pelo qual induz efeitos persistentes na dor crónica. Há, porém, uma explicação parcial dos efeitos analgésicos da acupuntura baseada na interação de mecanis- mos neurais, humorais e eletromagnéticos14,34. Foi sugerido que a inserção da agulha pode estimular neurónios aferentes musculares somá- ticos, desencadeando a sensação de picada e ativando a produção central de opioides endó- genos35,36. Por outro lado, o tempo de resposta DOR